domingo, 24 de agosto de 2014

Hora da verdade

FILIPE MALHEIRO, Jornalista
«Perante a previsão de uma derrota eleitoral, qualquer decisão de aumento de impostos coloca o CDS numa posição ainda mais fragilizada já que o PSD não parece disposto a perder tempo com discussões com o seu parceiro sobre temas mais melindrosos.»
 
 
A coligação nacional entre PSD e CDS está cada vez mais pressionada por fatores políticos e financeiros que aparentemente não controla, e aproxima-se aceleradamente daquele que parece ser o momento-chave da sua continuidade: as discussões orçamentais. Tudo por causa dos impostos, do sim ou não a aumentos de impostos já este ano, uma vez mais – outra mentira descarada – atribuído ao impacto negativo, em termos orçamentais, da decisão do Tribunal Constitucional. 

A coligação está claramente a braços com algum previsível mal-estar, o CDS está desconfiado e ninguém consegue disfarçar que a coligação está pressionada quer pela discussão de um orçamento retificativo, quinze dias antes de ficarmos a conhecer a proposta de orçamento de estado para 2015, ano de eleições (se antes não acontecer nada...), quer pela perspetiva de que o PS mude de líder nas diretas de 28 de Setembro e que o cenário de eleições antecipadas, em função disso e da impossibilidade de qualquer acordo político da atual maioria com os socialistas liderados por António Costa, ganhe novo fôlego.

Acresce a tudo isto a perceção, por parte do CDS, de que o partido perderá cada vez mais espaço político e eleitoral - as sondagens já conhecidas antecipam um descalabro eleitoral - pelo que a salvação de Portas e do seu partido será a de envolver-se, mesmo que numa posição de humilhante secundarização, mais acentuada que nas europeias, numa coligação com o PSD que dificilmente estará em condições de ganhar as eleições. 

A verdade é que fica a dúvida sobre se esta opção poderá atenuar ou não a previsão de uma derrota eleitoral contundente - mais ou menos o que aconteceu nas europeias de Maio passado em que o PS de Seguro (à beira do fim) acaba por ganhar por pouco mais de 90 mil votos e elegendo apenas mais 1 deputado que a coligação derrotada - que a acontecer, determinará a imediata demissão de Passos e de Portas e mergulhará os dois partidos hoje no poder numa eventual crise interna de disputa pelas respetivas lideranças que os levará a uma “travessia do deserto” mais ou menos prolongada.

Num cenário destes, perante a previsão de uma derrota eleitoral em aproximação acelerada, qualquer decisão de aumento de impostos coloca o CDS, mais do que o PSD - porque este partido, melhor dizendo, este "gang" liderado por Passos e comandita – numa posição ainda mais fragilizada já que o PSD não parece disposto a perder tempo com discussões com o seu parceiro sobre temas mais melindrosos. 

A verdade é que depois da vergonhosa encenação em torno da treta da linha vermelha e do roubo com as pensões e as reformas, matéria com a qual o CDS tentou retirar dividendos políticos e eleitorais por mero oportunismo saloio (que rapidamente caiu no esquecimento porque a roubalheira sucede-se praticamente todos os anos, perante o silêncio de Portas e as "explicações" patéticas de um partido que parece agora agarrar-se ao IRS como um naufrago que não sabe nadar se agarra à bóia de salvação).

Passos, como se viu este domingo, reagiu com indisfarçável irritação, não à antecipação da notícia de eventual aumento de impostos, mas à forma como o assunto foi "trabalhado" por Marques Mendes na SIC, passando a imagem de que era o CDS a resistir a um aumento de impostos, contrastando com o PSD que pretenderia impor esse aumento de impostos, numa curiosa separação, no quadro da coligação, entre o partido bom e o partido mau.

Penso que o mês de Setembro será decisivo para o futuro da coligação PSD-CDS, e apesar de não acreditar que os portugueses queiram resistir de forma diferente do que fizeram até hoje ou estejam dispostos a reagir a qualquer medida de mais austeridade, continuo a afirmar que tudo dependerá das decisões que forem tomadas até ao início de Setembro, de nada servindo a vergonhosa manipulação mentirosa que a propaganda rasca e foleira deste governo de coligação rafeiro continua a promover, sempre que o Tribunal Constitucional decide contra aquilo que a corja de bandalhos que nos governa deseja impor no âmbito da sua roubalheira esfomeada e da teimosia cega de a todos lixar, para melhor se colocar, depois, de cócoras perante o capitalismo, a banca europeia, os escândalos bancários pagos pelos dinheiros dos contribuintes, os especuladores de mercados financeiros, as agências de “rating”, toda essa máfia ranhosa que conhecemos e que passa ao lado das crises que muitas vezes ela própria provoca com resultados lucrativos, penalizando sempre as populações, manipulando todos os processos de decisão dos governos, e enfraquecendo a própria democracia.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Loucuras de Verão - eu apoio o Jornal da Madeira

QUINTINO COSTA, dirigente
do PTP-M

 

Alberto João Jardim continua a entender que apoiar o Jornal da Madeira é impedir o regresso ao passado. Se assim é, até eu apoio o Jornal da Madeira!








Se apoiar o JM implica:
Impedir o regresso de maiorias absolutas ditatoriais;
Das expropriações sem cumprir com os direitos dos proprietários;
Dos avales sem retorno para os cofres públicos;
Da marina do Lugar de Baixo;
De heliportos como o do Porto Moniz;
De ocupação de parcelas de mar para a construção de praias privadas;
Das mega-obras, muitas delas sem utilidade, todas feitas com betão de elevada qualidade, certificadas pela “Cimentos Europa”;
Se é para impedir o regresso de um Governo que não constrói um novo hospital, mas mantem as PPP, vamos todos apoiar o JM;
Vamos apoiar o JM para que nunca mais exista um presidente do Governo que, numa inauguração pública, ordenou aos condutores manobradores para passar por cima dos proprietários dos terrenos sempre que estes impeçam invasões ilegítimas às propriedades.
É necessário acabar com a ditadura, com o partido do posso, quero e mando.
É necessário impedir este regresso ao passado.
Se o instrumento é o JM, vamos a isso. Ditadores nunca mais.
Penso que esta minha ideia tem o apoio da diocese, pois só assim é que se justifica o apoio incondicional da instituição do matutino.
Curiosidade: O líder do PS abriu a campanha eleitoral no Porto Santo prometendo descontos de 50% para quem viajar para aquela ilha. O CDS provavelmente irá prometer um desconto superior.
O mais interessante foi a reação de Alberto João Jardim que, através do seu JM, disse que esta proposta não tem cabimento orçamental.
Ora esta, o Joãozinho acha que se o PSD perder as eleições será ele a elaborar o Orçamento da Região?
Será com certeza interessante a reação dos Sousas a esta proposta socialista. Mais um subsídio governamental. Já “comeram” pouco…
 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O Jackpot é inimigo da Democracia

DÍRIO RAMOS, engenheiro
 
A Democracia participativa, ao serviço do povo da Região, só é possível quando acabar o jackpot e se construa uma convergência séria, com um programa assente na defesa da contratação coletiva, na produção regional, na agricultura e nas pescas.
 
 
 
 
 
O jackpot Político na Madeira faz com que cada deputado tenha, para além do seu ordenado, mais 100 000 euros /ano pagos pelos contribuintes.
 
Criado por Jardim, este sistema funciona como baluarte do PSD que compra votos, almoços, jantaradas e cria tachos… Assessores, mais assessores de assessores, adjuntos e seus adjuntos, foi e é a vilanagem. Mas o dinheiro, o vil metal, também é o atrativo de políticos corruptos, demagogos, ditos de antijardinistas. São «palhaços - políticos» e dizem o que as pessoas gostam de ouvir.
O perigo reside no desvio da atenção dos problemas do povo, por essa fantochada rafeira, de gente sem escrúpulos que está a encher-se de dinheiro e que tem a cobertura da comunicação social. Outros também apoiantes dos movimentos de Cidadãos, os ditos antipartidos, lutam arduamente para serem partido para comerem no gamelão do orçamento!
Os próximos tempos não serão fáceis para aqueles que defendem um novo rumo, de governo alternativo ao jardinismo, com um programa claro de princípios e metas para ajudar a sair da crise, da enorme dívida pública regional e enormíssima dívida privada dos novos ricos.
 
Qualquer cidadão atento verifica que a comunicação social alimenta todos os dias partidos fascistas e outros partidos ditos antipartidos que nada fazem, que são uma espécie de coitadinhos, gente do tipo algodão doce… Outros, cheios de «massa», fazendo parte do Governo da República, que tudo saca ao mundo do trabalho, aos reformados, que destrói a escola pública e a saúde pública, aparecem na região com o «Projeto Solidário» aproveitando o jackpot!
A Democracia participativa, ao serviço do povo da Região, só é possível quando acabar o jackpot e se construa uma convergência séria, com um programa assente na defesa da contratação coletiva, na produção regional, na agricultura e nas pescas. Um programa de rutura com o sistema Jardinista, quaisquer que sejam os protagonistas do PSD que venham a dirigir este partido.

sábado, 9 de agosto de 2014

Redes e selfies

PEDRO MOTA, Jurista


«Agora é possível tirar milhares de fotografias todas no mesmo local e ver se "fica bom ou fica mau" na hora. O que é uma tragédia! Não dá para andar. As viagens são constantemente interrompidas sob a ditadura da fotografia.»




Esta tem a ver com o Verão e é para rir um bocado: Na minha opinião a fotografia jamais devia ter sido banalizada. É um problema que tenho sempre que viajo acompanhado de amigos e que pode atrapalhar bastante uma viagem: a "necessidade" de tirar fotografias. Às vezes consigo limitar essa "necessidade" a uma fotografia por local de forma a poder viajar; porque viajar é olhar, é estar no café, é beber umas cervejas, etc.
Não é parar inúmeras vezes para tirar fotografias, encontrar o melhor cenário, etc.Tenho a impressão que quem perde muito tempo com fotografias não viaja realmente; anda por lá para que os outros vejam que viajou. Ora, para pessoas como eu (penso que não sou o único) que detestam parar o seu caminho para tirar fotografias, a invenção da fotografia digital ou ultra banalizada acabou por ser uma catástrofe. Antes quando acabava o rolo, acabavam as fotografias (chatice!) e podíamos prosseguir a viagem sem paragens ou demoras…agora não!
Agora é possível tirar milhares de fotografias todas no mesmo local e ver se "fica bom ou fica mau" na hora. O que é uma tragédia! Não dá para andar. As viagens são constantemente interrompidas sob a ditadura da fotografia.
Como se não bastasse, intimamente ligada a esta loucura da fotografia, surge uma nova"tendência" nas redes sociais. É bem tonta e tem uma espécie de anglicanismo que nunca falta quando se trata de novas tendências tontas: a denominada "selfie".
Além de tirarem milhares de fotografias e publicarem todas ou quase todas nas redes sociais, agora as pessoas tiram fotografias de si …tipo "olha eu aqui a espremer os beiços e a esconder as gorduras"…
Isto é normal? Parecem aqueles "atletas" que fazem questão de correr na estrada para toda a gente ver. Algumas vezes com a língua de fora e a "estalar", em figuras absolutamente inenarráveis. Sou obrigado a ver isto? É que nem podemos fechar os olhos porque estamos a conduzir…
Voltando à fotografia: enquanto puder (e ele acreditar em mim) vou repetir a história do índio ao meu filho: a fotografia rouba a alma….foge o mais que puderes das máquinas fotográficas…
Bom Verão!
 
 
 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

'Mudança' - Verdade ou mentira?

 


 
Lembramo-nos bem do slogan "Mudança". O slogan continua a marcar presença, a vincular partidos e a vincular lideranças. Mas quando confrontados com o termo "mudança", a grande questão que se coloca é realmente só uma: Onde está a mudança?
 



O rescaldo das eleições europeias fez nascer um movimento de insatisfação perante a atual liderança do PS, a qual considero legítima, por razões muito simples.
Com estes resultados pergunta-se, impreterivelmente, qual é o único timming para aparecer uma candidatura séria dentro do PS? É este. Não é antes, nem é depois. É agora. Apareceu um resultado em que a vitória foi parca, a chamada "vitória de pirro", que soube a pouco. Um pouco por todo o país existiam cartazes e panfletos com a palavra "Mudança", sem rosto, sem protagonista, com uma bagagem que diz que de mudança só tem o nome. Ganhou em ambiente de desastre completo, numa coligação que se mantém de pé por demérito daquele que tem vindo a ser o papel da oposição. Ganhou com uma vantagem de 3%, com a indicação de que o PS a seguir este "novo rumo", esta "mudança", perderá as próximas eleições. É impossível fechar os olhos e manter a inércia. Importa mudar. Mudar rapidamente, antes que o desaire nos marque para sempre.
O que está claro neste panorama de indefinição política da atual liderança é que António Costa, pelo background académico, profissional e pelo posicionamento político interno, demonstrou que é manifestamente a verdadeira mudança em relação à atual direção do PS. É um líder. E como qualquer verdadeiro líder, não teme ir a Congresso. Nem o temerá, certamente, para consolidar o seu mandato.
O que tem que ficar claro, para militantes e simpatizantes, é que estamos a votar para que um representante do PS possa ser Secretário Geral e Primeiro Ministro. Na prática, estamos a discutir uma inequívoca candidatura à liderança do PS, candidatura que promove a cidadania. Mas o cidadão não tem só direitos, tem deveres. E este apelo feito aos diferentes cidadãos, sejam eles mais ou menos simpatizantes, militantes ativos ou inativos, deve ser encarado como um dever de todos aqueles que se revêm na declaração de princípios do Partido Socialista para se pronunciarem sobre o que pensam sobre a atual liderança do PS.
O PS não pode estar refém de lógicas e estratégias de interesse pessoal, a qual nos tem vindo a descredibilizar profundamente nos últimos anos. Este ambiente verdadeiramente socialista, onde se vai votar numa abertura ao exterior totalmente inédita; onde, pela primeira vez na história da política portuguesa, existe uma relação direta entre o eleito e o eleitor, deve ser valorizada e respeitada no seu pleno.
Daí que o jogo baixo das ameaças, chantagens e do discurso de alguém que se diz legítimo para terminar o seu mandato e que não aceita congresso extraordinário, mas pede que o Primeiro Ministro (igualmente eleito, de forma igualmente legítima) se demita, só vem prejudicar aquela que deve ser a intervenção política do PS.
Que se discuta com rigor e seriedade as matérias que são de extrema relevância para o povo, para o país, para a Madeira. Que se debatam temas regionais que nos afetam diariamente e que aumentam os custos da insularidade numa altura em que a austeridade se alimenta dos mais fracos.
Deixemo-nos, enquanto políticos, de dar razão ao povo quando diz que somos todos iguais. Pautemos pela diferença, pela positiva. Sejamos verdadeiramente diferentes, mas melhores. A Madeira agradece.