segunda-feira, 17 de novembro de 2014

De Berlim a Jardim, um muro enorme

DÍRIO RAMOS, Engenheiro



«É preciso acabar com o Muro da Quinta Vigia, o do grande líder, aquele que na Voz da Madeira defendia o regime deposto em 1974.»






Caiu o Muro de Berlim em 1989, há 25 anos. Treze anos depois, começou a ser construído, por Israel, o Muro da Cisjordânia, para impedir a entrada de palestinianos. O muro que foi construído em território palestiniano, em betão armado e arame farpado, tem 440 Km. Quando concluído terá 700 km  cercando  todo  o território da Cisjordânia.

Os americanos do norte, «campeões da liberdade», começaram em 1994 a construir o Muro contra o México. Tem centenas de km, inclui 3 barreiras de contenção, iluminação de alta densidade, detetores anti-pessoas, sensores de visão noturna, entrelaçados com radio comunicações, vigilância permanente de polícia com veículos e helicópteros.

O Reino Unido, o aliado americano na Europa, construiu a partir de 1969, o Muro de Belfast, com mais de 34 Km, para reprimir os irlandeses, separando os bairros católicos dos protestantes…tem a promessa de serem demolidos até 2023… Falta tanto tempo…

Temos também o Muro de Evros, entre a Grécia e a Turquia. A Grécia resolveu investir 3,2 milhões de euros em 2012, tantos anos depois da queda do muro de Berlim. Um Muro de 10 Km ao longo do rio Evros, fronteira natural que separa a Grécia da Turquia. Tudo isto financiado com verbas da livre União Europeia!

Em Chipre, quando as forças militares turcas, as maiores da NATO, ocuparam a parte norte da Ilha em 1974, instaurando a República Turca do Norte do Chipre. Foi construído a chamada «Linha Verde», um Muro de 180 Km, que está convertido numa barreira intransponível. Tudo isto com a bênção dos EUA e da UE.

Podia referir muitos outros Muros…Coreia…etc.

Aqui próximo temos o Muro de Ceuta e Melila, com o apoio da UE ,a Espanha foi incentivada e financiada para construir um Muro com mais de 20 Km.

Na nossa Região, temos o Muro do Jardinismo, onde o 25 de Abril não se comemora, porque, segundo um candidato a Presidente do PSD –M, aquele que quer tirar a Madeira da crise, não foi nessa data que os portugueses se libertaram da ditadura. Este «libertador», podre de rico, foi longe demais ao dizer que «foi o 25 de Novembro que pôs fim a 50 anos de Salazar, Marcelo e PREC».

Vivemos, como disse Leonel Nunes há algum tempo atrás : «…foram 33 anos sob uma democracia vigiada, sob a batuta de um DUCE, campeão das maiorias asfixiantes, rodeado da sua corte, onde quem não concorda é marginalizado, silenciado ou posto de parte ou comprado.»

É preciso acabar com o Muro da Quinta Vigia, o do grande líder, aquele que na Voz da Madeira defendia o regime deposto em 1974.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Eleições e partidos



«... Your old road is
Rapidly fadin.
And the first one now
Will later be last
For the times they are a-changin'.




Mantendo a sequência de intervenções “políticas” e como o meu amigo Sérgio permite estas minhas loucuras aqui vai uma “novidade” que tem 50 anos.

Da autoria do Grande Bob Dylan (para mim vale mais do que todos esses autores e pensadores modernos):


Come gather 'round people
Wherever you roam
And admit that the waters
Around you have grown
And accept it that soon
You'll be drenched to the bone.
If your time to you
Is worth savin'
Then you better start swimmin'
Or you'll sink like a stone
For the times they are a-changin'.

Come writers and critics
Who prophesize with your pen
And keep your eyes wide
The chance won't come again
And don't speak too soon
For the wheel's still in spin
And there's no tellin' who
That it's namin'.
For the loser now
Will be later to win
For the times they are a-changin'.

Come senators, congressmen
Please heed the call
Don't stand in the doorway
Don't block up the hall
For he that gets hurt
Will be he who has stalled
There's a battle outside
And it is ragin'.
It'll soon shake your windows
And rattle your walls
For the times they are a-changin'.

Come mothers and fathers
Throughout the land
And don't criticize
What you can't understand
Your sons and your daughters
Are beyond your command
Your old road is
Rapidly agin'.
Please get out of the new one
If you can't lend your hand
For the times they are a-changin'.

The line it is drawn
The curse it is cast
The slow one now
Will later be fast
As the present now
Will later be past
Your old road is
Rapidly fadin'.
And the first one now
Will later be last
For the times they are a-changin'.



terça-feira, 4 de novembro de 2014

CARINA FERRO, deputada do PS-M



O Sr. Presidente não pode esquecer 
que a democracia queo elegeu foi
 feita pelas bases: os militantes não podem servir 
apenas para encher a casa e fazer show-off.







Um candidato tem sempre legitimidade de apresentar as suas propostas, a sua estratégia de futuro para o partido a que se candidata. Um Presidente tem legitimidade que pretender prosseguir a estratégia que os militantes validaram em Congresso. Mas, para isso, é preciso que a estratégia seja debatida em Congresso e não apenas anunciada na sessão de encerramento. 

É o mesmo que ser candidato e dizer que está a fazer promessas que não pode cumprir, mas que só o assumirá depois de ser eleito. Que, até lá, prometerá tudo o que puder, a quem quiser, e garantirá o controlo do aparelho para cumprir o seu objetivo inicial: os fins justificam os meios. Mas não pode ser, na política não vale tudo, nem pode valer. 

Deve existir um limite, por muito que custe aos aparelhistas considerar esta hipótese. A política não é uma carreira profissional, é um serviço público prestado a termo e, muitas vezes, um regime de voluntariado que não é reconhecido ou agraciado. E há quem tenha muita dificuldade em aceitar isto, em particular, aqueles que vivem à custa do aparelho e os situacionistas. 

Eu já nem falo daqueles que, em determinado momento, desempenham funções nos Partidos, mas que fazem, ou já fizeram algo fora da esfera política, que têm um trabalho que lhes permite alguma isenção e liberdade na sua atuação política precisamente porque não dependem da política para (sobre)viver.  

“Não mordas a mão que te dá de comer”, diz o ditado. Bem verdade. Mais verdade ainda é que este “não mordas” sufoca a liberdade de expressão e de pensamento de muitos intervenientes políticos regionais, sufoca a democracia no seu todo, sufoca as decisões que devem ser impreterivelmente tomadas a pensar no bem-estar da população e não no bem-estar pessoal de cada um destes intervenientes.

E aqui está o busílis da questão: todo e qualquer candidato a Presidente, quando Presidente, deve ambicionar que o seu Partido ganhe as eleições ou, no mínimo, tente ganhar as eleições, sem olhar a ambições pessoais desmesuradas que só poderão resultar na cabal destruição do Partido perante os militantes e a própria opinião pública.  

O Sr. Presidente não pode esquecer que a democracia que o elegeu foi feita pelas bases: os militantes não podem servir apenas para encher a casa e fazer show-off. Há que haver respeito pelos militantes e apostar na massa crítica destes que se militaram, em particular quando o futuro exige que se discuta e debata uma estratégia vencedora para as eleições regionais. A hora não é para ensurdecer com tamanha obsessão pela liderança, nem se compadece com Presidentes que se auto legitimam com políticas de café que se repercutem em absolutamente nada. Há decisões a tomar, há discussões a fazer, há uma mesa de negociações na qual todos devemos sentar-nos. 

Osufoco democrático não permite estas coisas, bem sei, mas o tempo é de ação e de estratégia, não de perpetuação no poder com discursos cansados e falhados. A esse respeito, ainda há muito pouco li numa entrevista peculiarmente reveladora que “os interesses do Partido não podem estar acima dos interesses da Região”. Sim, mas não só. Os interesses pessoais do Sr. Presidente não podem estar acima dos interesses do Partido. À exceção dos situacionistas, esta parece ser uma premissa consensual. Sejamos adultos porque o tempo é decisivo e arriscamo-nos a perder, enquanto madeirenses, a oportunidade histórica de demonstrarmos que a Madeira pode ser muito mais e muito melhor. 
P.S.- Qualquer um consegue chegar a Presidente; ser líder é que já não é para todos.